sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Identidade Social na Adolescência

2ª Actividade:

Esta actividade teve como objectivo identificar as características e discutir o processo de construção de identidade na adolescência.
Numa primeira etapa, foi-nos solicitado fazer um leitura individual dos textos propostos, com elaboração de uma síntese para posterior discussão, em grande grupo, dos textos trabalhados.
Considero que tanto a leitura dos textos propostos como a discussão no fórum foram muito enriquecedoras, tendo fomentado a reflexão sobre a questão da relação das novas tecnologias e o processo de identidade dos adolescentes.
Escolhi esta imagem por se relacionar com o tema: de portas abertas, os adolescentes saltam para uma nova realidade e a toda a velocidade constroem a sua identidade.

Huffaker salienta o propósito do seu estudo de caso: " Our purpose here is to examine how adolescents use weblogs to explore their identity. In particular, we examine the language and emotional codes that adolescents use to express themselves in weblogs. " e conclui " The Internet has provided a new context for identity exploration, as the virtual world provides a venue to explore a complex set of relationships that is flexible and potentially anonymous. Language on the Internet represents a new type of discourse that is shaped by the creativity and innovation of its communities of users (Crystal, 2001). This emerging discourse can then be used to express the identities of its adolescent users." (1)

Como é de todos sabido, a adolescência é a etapa do desenvolvimento humano que se segue à infância e precede a idade adulta. Nem sempre houve " adolescência", é um conceito que surgiu a partir do século XIX e que tem vindo a ganhar cada vez mais importância. Corresponde a um acontecimento biológico determinado pela puberdade: o corpo e a mentalidade alteram-se.

Nas sociedades ocidentais, a adolescência é vista como o tempo em que o indivíduo é confrontado com a tarefa da definição da sua identidade. Tempo de profundas modificações físicas e psicológicas, com consequências na identidade.

Estas modificações não se dão isoladamente, mas dentro de contextos sociais e, actualmente, digitais.

Os jovens estão ávidos do saber tecnológico e de confirmar a sua presença "online" e esta presença acaba por influenciar na formação do carácter e de um sistema de valores, contribuindo para a definição de uma identidade.

Resta-nos na qualidade de pais e professores analisar e trabalhar a produção de conteúdos online para percebermos a melhor forma de chegar até aos jovens e pudermos ajudá-lo a tirar o melhor partido desta ferramenta na construção da sua identidade pessoal e social.

Participação no fórum discussão:

Destaco a intervenção da colega Isabel por considerar que apresenta uma súmula das principais ideias contidas nos textos propostos nesta UC.

A busca da identidade apresenta-se com o grande desafio da adolescência. A descoberta de si próprio, da sua imagem e dos seus pensamentos e emoções adquire importância vital nessa fase da vida.
Com o advento da internet, das redes sociais e das novas tecnologias que proporcionam aos jovens a capacidade de criarem o seu próprio espaço virtual em que podem revelar os seus gostos pessoais, os seus conflitos interiores, as suas emoções, a descoberta do corpo e do sexo, entre outros. Revela-se e aprofunda-se a identidade, fala-se de si próprio, expressam-se as crenças, relatam-se as relações interpessoais. Em todo este processo a linguagem é o meio privilegiado para a construção de uma identidade.
No mundo virtual, o aspecto corpóreo e tangível esbate-se dando lugar a uma abstracção em que o género, a raça, as características físicas, a idade e o aspecto passam para segundo plano ou são facilmente recriadas na guarida do anonimato que o ambiente digital permite. Deste modo, altera-se a identidade com muita facilidade, inventam-se papéis, cria-se uma linguagem própria, avatares e outros códigos muito próprios.
Por trás de uma face oculta (!), os jovens manipulam e mantêm os blogs a que têm acesso com facilidade, espiam outros tantos e vão assim construindo a sua identidade. A construção do blog assemelha-se assim à própria formação da personalidade com a liberdade de expressão/revelação de si mesmo pela facilidade com que se comunica sem o constrangimento da presença física e do corpo que, muitas vezes, não é bem aceite ainda pelo jovem. Daí a popularidade entre os jovens deste tipo de página na internet, gratuita, de fácil acesso e construção, em que se escusam a uma total identificação, se assim o quiserem. Podem-se fornecer dados pessoais falsos, inventar pseudónimos, fornecer dados para uma conversa online através de email ou instant messenger.
A internet veio, indubitavelmente, facilitar aos jovens uma parte essencial da sua vida – a criação da identidade, pela flexibilidade com que se criam relações e interacções com os outros, de forma descontraída e anónima, através de uma linguagem própria, criativa e inovadora. A necessidade que todos temos de expressar as nossas, ideias, opiniões, experiências e sentimentos, ainda mais, nessa faixa etária, fica assim efectivamente garantida pelo recurso às novas tecnologias.
Os factores intrapessoais, interpessoais e culturais que influenciam a formação da identidade do jovem, pela semelhança e continuidade, são, de algum modo, bem patentes neste tipo de utilização das novas tecnologias pelos adolescentes.
No entanto, não deixa de ser uma actividade, ainda que social, muito solitária, pelo que cabe aos educadores, pais e professores a formação pelos valores, pela responsabilidade, não permitindo que o jovem fique sempre entregue a si mesmo, nas diversas opções que faz.

Isabel Trabucho





domingo, 17 de janeiro de 2010

Nativos Digitais versus Imigrantes Digitais

1ª Actividade:
Esta actividade teve como objectivo a distinção entre os conceitos de nativo digital e imigrante digital, caracterizados por Prensky (2001 e 2004).
Não conhecia os conceitos e achei curioso o facto de constatar que pertenço a uma geração designada por imigrante digital: Os meus avós contavam histórias em frente à lareira, os meus pais dormitam em frente à televisão e, aqui estou eu, a digitar umas reflexões em frente ao computador e ao televisor.
A actividade desenvolvida e os textos lidos ajudaram-me a encarar a relação dos jovens com os media digitais de uma forma diferente. Confesso que não encarava essa relação de uma forma tão positiva e optimista, considerando-a mais um vício, quase uma dependência!
Os meus filhos, por exemplo, puros “ nativos digitais”, vivem e convivem frente ao computador. Por vezes, isto aborrece-me, irrita-me:” Tanto tempo agarrados ao computador! Já chega!"
No entanto, a leitura dos textos sugeridos nesta UC, levaram-me a questionar não só a relação deles mas também a minha própria atitude como professora e mãe, levou-me a repensar a minha própria relação com os média digitais e concluí: antes imigrante, que ignorante!
Por que não tirar proveito deste recurso para os " cativar" e ajudá-los a aproveitar ao máximo os blogues, os motores de pesquisa, etc?

Prensky também nos alerta: “But there is a new, emerging, different form of life out there, that the Digital Natives are creating for themselves. If you are a parent or educator, the one thing you can be absolutely sure of is that you ignore it at your peril!” (1)

Após a leitura dos textos, e em trabalho a pares, criámos ( eu e a Raquel) uma apresentação em powerpoint, onde traçámos o perfil do estudante digital:

No final, salientámos a atitude mais correcta a adoptar pelo professor a fim de tornar as suas aulas mais dinâmicas, sugestivas e eficazes: reconsiderar metodologias e conteúdos; recorrer às novas tecnologias em sala de aula e aprender o mais que puder, são alguns dos conselhos emanados dos textos lidos e mencionados nossa apresentação.

" Unfortunately for our Digital Immigrant teachers, the people sitting in their classes grew up on the “twitch speed” of video games and MTV. They are used to the instantaneity of hypertext, downloaded music, phones in their pockets, a library on their laptops, beamed messages and instant messaging. They’ve been networked most or all of their lives. They have little patience for lectures, step-by-step logic, and “tell-test” instruction.
Digital Immigrant teachers assume that learners are the same as they have always been, and that the same methods that worked for the teachers when they were students will work for their students now. But that assumption is no longer valid. Today’s learners are different" (2)

Participação no fórum:

Destaco a minha resposta à Raquel não só por considerar a intervenção dela muito pertinente mas também por considerar que saliento o papel do professor como educador e intermediário no processo de crescimento do " nativo digital": ajudá-lo a crescer mais forte, mais autónomo e mais seguro para a vida.

Raquel,
concordo, quando referes que “ ao professor cabe o papel de continuar a trabalhar mentes que vêem, pensam e decidem”, articulando com as novas exigências digitais.
O estudante de facto, nativo digital, domina as ferramentas tecnológicas para realizar aquilo que mais lhes interessa. A sua rotina diária passa pelo uso de recursos digitais: comprar, namorar, comunicar, jogar, coleccionar, pesquisar…Tarefas que executa com facilidade e destreza.
Mas, quantos aproveitam realmente esse domínio dos recursos/ ferramentas digitais para transformar a informação em conhecimento?
Relativamente à pesquisa, por exemplo, o que se verifica é que estes efectuam uma recolha rápida da informação. Quando é preciso elaborar um trabalho, limitam-se a: copiar, colar e imprimir, não fazendo qualquer trabalho de compreensão e transformação da informação.
Ou seja, não é pelo facto de serem nativos digitais, que não carecem da formação para uma abordagem crítica das tecnologias.
Sendo assim, o grande desafio do professor, imigrante digital, será desenvolver nos alunos a literacia digital:
1º criar a necessidade e a motivação para procurar a informação;
2º seleccionar a informação adequada;
3º orientar o aluno para uma análise mais aprofundada da informação, transformando-a em conhecimento, com recurso às tecnologias digitais.
Só então, o estudante digital estará melhor preparado para o futuro para ver, para pensar e decidir perante a sociedade digital.
Contudo, ainda há outra questão que se coloca, ao analisarmos os alunos que temos, actualmente, na escola: será que de facto todos eles são nativos digitais?Será correcto etiquetar toda esta geração de: “nativo digital”?
Em Portugal e noutros países, as diferenças económicas, sociais, culturais não permitem, ainda, que o acesso dos alunos à informação e à comunicação se processe de forma homogénea. Primeiro, penso que a escola ( BE e professores) tem de estar atenta às formas diferenciadas de acesso dos alunos à informação e à comunicação e terá o papel da permitir o acesso de todos e esbater estas diferenças.

Milena


Recursos de Aprendizagem:
1- Prensky, M. (2004) The Emerging Online Life of the Digital Native: What they do differently because of technology and how they do it. 1-14.

2-Prensky, M. (2001) Digital natives, digital immigrants. In On The Horizon (Vol9, nº 5). NCB University Press.